terça-feira, maio 31, 2005

Um pouco de história...

O Tempo e a História da Terra

Pôr em questão a idade e a evolução da Terra foram questões maiores da atitude mental do homem perante o mundo.

Leonardo da Vinci (1452-1519), na linha dos seus estudos de hidráulica, reconheceu que os materiais transportados pelos rios dariam lugar à formação de sedimentos compactados em rochas, que ulteriormente poderiam ser relevados e constituírem montanhas; ele adoptou o ponto de vista que os fósseis são restos de vida passada; e estimou que os depósitos sedimentares do rio Pó teriam pelo menos 200 mil anos de idade.

George Buffon (1707-88), na sua obra enciclopédica Historie Naturelle, reconheceu a evolução dos organismos e mesmo de um mecanismo actuante para essa evolução; assinalou semelhanças entre o homem e outros primatas; e admitiu a existência de antepassados comuns. Em Les epoques de la Nature (1788), questionou e argumentou a propósito da idade da Terra e sobre os princípios subjacentes à sua evolução; procurou estimar a idade da Terra com base na observação da taxa de arrefecimento de uma esfera metálica, tendo concluído que seria 75 mil anos.

Georges Couvier (1769-1832) foi sobretudo paleontologista, considerado fundador da paleontologia dos vertebrados, para a qual contribuiu pela integração de função e de forma dos órgãos e pela reconstrução do todo a partir das partes; não admitia a evolução dos organismos antes atribuindo as semelhanças orgânicas a semelhanças funcionais e não a ancestralidade comum; estabeleceu a extinção de espécies apenas conhecidas através de registos fósseis e atribuiu esses episódios a catástrofes naturais. A Terra teria a sua evolução apenas pontuada por catástrofes (uma concepção que poderia ter inspiração bíblica embora o autor não a explicitasse).

Pela mesma época, Abraham Werner (1749-1817) adoptou a concepção oposta de evolução gradualista, conhecida por neptunismo, posto que supunha que todas as rochas teriam precipitado de um oceano primordial. Ainda pela mesma época, James Hutton (1726-97) propôs uma evolução também gradualista, conhecida por plutinismo, que contrapõe que certas rochas (ígneas como basalto e granito) teriam sido formadas em resultado do arrefecimento de material oriundo do interior da Terra.

Aquelas visões opostas, gradualista e catastrofista, da transformação da Terra ocupariam os espíritos do iluminismo. Mas Hutton foi muito mais longe, ao formular conceitos e interpretações que serão incorporados na moderna Geologia: postula que a história passada da Terra deve ser interpretada à luz dos fenómenos observados na actualidade; adopta o princípio que estabelece a precedência temporal entre as rochas e os acidentes nelas registados (como falhas e intrusões); reconhece a acção de forças actuando ao longo de períodos muito dilatados no interior e à superfície da Terra; atribui o relevo das montanhas e a actividade vulcânica a forças actuando do interior da Terra. O trabalho iniciado por Hutton foi aprofundado e sistematizado por Charles Lyell (1779-1875) e encontra-se registado na obra fundadora Principles of Geology (1830). Segundo Lyell, a idade da Terra deveria ser contada por algumas eras com centenas de milhões de anos cada (o que sabemos hoje estar essencialmente correcto).

William Thomson (1824-1907), retomando a ideia de Buffon, com dados e métodos mais exactos, recalculou a idade da Terra em 100 milhões de anos. Depois de Pierre e Marie Curie terem descoberto os primeiros elementos radioactivos (1898) e que o decaimento radioactivo gera calor (1903). Bertram Boltwood refez o cálculo da idade da Terra tomando em conta essa nova fonte de calor (1907) e alcança uma estimativa realista da ordem de mil milhões de anos.

1 Comments:

Blogger antonio_subtil said...

Esqueceste de dizer 2 coisas importantes
1º o ti james foi o criador da geologia
2º A idade da terra 4600 milhoes de anos


mais milhão menos milhão

domingo, junho 12, 2005  

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