sexta-feira, dezembro 21, 2007

Cheiro a natal!

Hoje recebi uma encomenda de uma amiga a Alemã (Thank you so much Annette), que mas fez me lembrar todas as recordações boas que tenho do natal. O pacote estava embrulhado como um presente, será possível receber recordações de natal numa caixinha como prenda de natal? A resposta é sim, dentro do pacote estavam umas saquetas de chá de erva-doce e baunilha; foi o cheiro a erva doce (ou funcho) que me lembrou o natal. Às vezes basta um cheiro, um som ou canção, uma imagem, para relembrar daquilo que já pensávamos há muito esquecido. Não consegui evitar e deixei sair algumas lágrimas… Todos os anos lembro-me de ver a mesa da ceia de natal cheia de bolos alguns com erva-doce, todos os tipo filhoses, um tronco de natal, azevias, o bolo rei e para a refeição na véspera o bacalhau, e no dia de natal às vezes carne de borrego outras vezes carne de porco. Às vezes pergunto-me porque é que as nossas lembranças, incluindo a do natal, acabam sempre em comida, acho que é parte do que é ser Português, é o estar com a família ou os amigos partilhando uma mesa grande e farta, partilhando aquilo que temos de melhor.
E para quê tanta divagação? Tudo isto porque este natal será o primeiro que não vou passar em Portugal, pode parecer que não é uma coisa assim com tanta importância uma vez que o natal é mais o estar como aqueles que se ama, mas não estar no meu país de deixa-me de alguma forma muito triste. Sinto falta de todos aqueles que deixei para trás para viver esta aventura, sinto falta de não poder estar presente nos momentos em que mais sou precisa, sinto falta de partilhar os momentos felizes e não tão bons das suas vidas, sinto falta de fazer diferença nas suas vidas!

Um feliz natal para todos vós! Aproveitem este natal para passar mais uma vez com a pessoas que são importantes para vocês!

Ps: Comam bacalhau, filhoses também por mim…

quarta-feira, dezembro 19, 2007

O valor da educação

O Valor da educação!

Um outro dia, quando estava a falar com um amigo Brasileiro (fruto do meu largo intercâmbio cultural), na conversa surgiu o tema educação, na altura falamos apenas sobre a disciplina inglês, (e deixem que acrescente que em termos de línguas Portugal tem um dos melhores sistemas de educação entre aqueles que já ouvi falar) mas acho que vou generalizar um bocadinho. Ao falar com ele, sobre o que se passa no Brasil senti pela primeira vez os quão afortunados nós somos (em Portugal) por ter um ensino de qualidade. E quão afortunada eu fui na educação que recebi! Podemos ser aquele país lá bem no cantinho da Europa (que alguns nem sabem que existe) ter a nossa típica mentalidade Tuga, mas até à Universidade o ensino é mais ou menos gratuito em todas escolas oficiais e a qualidade de ensino é bastante boa!

As minhas escolas, é verdade que não eram perfeitas, a escola preparatória 2,3 (provisória há 25 anos) era tão velha que a paredes de madeira eram consumidas por bichos da madeira para não falar na invasão de pulgas, cheguei a ver uma professora a usar calças brancas que passaram a ser pretas (todos os meses tínhamos uns diazinhos de folga para desinfestação), na escola secundária um aluno foi esfaqueado e havia roubos todos os dias, a partir de certa altura um carro da policia estava o dia inteiro à porta da escola, mas apesar de tudo, os professores continuavam lá. E o resultado é que 70 a 80% dos alunos que frequentou a escola seguiu para a Universidade e alguns até para medicina.
È verdade que também as nossas escolas também têm os seus problemas: abandono escolar, escolas degradadas e marginalizadas, outras onde há pedofilia(o famoso caso Casa Pia),...mas talvez a diferença é que ainda existem alguns que acreditam que as coisas podem mudar. A semana passada li um artigo num jornal Publico on-line sobre uma professora que no início de carreira foi colocada numa escola frequentada por crianças, que sem culpa de terem nascido onde nasceram, já se tinham tornado em aprendiz de delinquente. Na altura podia ter desistido, mas encarou a situação como um desafio, e ao fim de 20 anos na escola, conseguiu virar a mesa, e mudar as coisas. Fez diferença na vida daquelas crianças. Fiquei muito feliz por perceber que ainda há esperança! É bom e reconfortante saber, que em Portugal, a maior parte das crianças podem ter a mesma oportunidade a um futuro! O mesmo não vale para todo mundo!