terça-feira, maio 16, 2006

Quente quase, a cozer em banho Maria

A semana passada experimentei algo bastante popular aqui no Japão, uma ida a uma espécie de termas naturais a que eles chamam de Onsen. Não foi uma surpresa total , pois nós os tugas também gostamos de apreciar as maravilhas da estâncias termais, a diferença talvez seja a faixa etária das pessoas que a frequentam, na Tugalândia as termas são vistas como destinos de férias para 3ª idade, aqui toda gente usufrui dos benefícios de uma aguinha sulfatada, (ele é a pele, reumatismo, diabetes, stress e dor de costas).

Tenho de confessar que ao início foi estranho pois existe um aviso, escrito em letras garrafais em inglês (não vá o estrangeiro alegar desconhecimento), para não usar fato-de-banho ou qualquer toalha no recinto da Onsen. Claro que há Onsen's para mulheres e para homens, não há misturas, embora alguém me tenha dito que em certos locais é tudo ao molho e fé em Deus…
Foi estranho, mas depois dos primeiros 10 minutos, acho que acabei por gostar, porque ninguém se rala se lá está um estrangeiro ou não, pensando bem acho que nesse ponto adoro o povo Japonês, não incomodam os estrangeiros e são muito hospitaleiros e ajudam imenso quando lhes é solicitada ajuda… (tema para um outro post)

A temperatura da água rondava os cerca de 40ºC e era uma piscina ao livre, imaginem uma estância no meio das montanhas, sem se ver vestígios de civilização apenas a paisagem que a natureza esculpiu ao longo dos tempos. E tudo isto apreciando um merecido descanso após um dia cansativo na montanhas a caminhar, que não foi o caso mas será definitivamente futuramente.

O saldo foi muito positivo, é um “go back place”….

Do outro lado do mundo…

Conveniência acima de tudo

È raro ver-se por cá algo que assemelhe às nossas feiras, mas quando se realmente encontram é quase um contra-senso, os mercados são dentro dos templos.

Muito conveniente, vai-se rezar um bocadinho e no caminho de volta aproveita-se e compra-se qualquer coisa, é muito comum… Em quase todos os templos em que as pessoas vão semanalmente (?) (desconheço as práticas budistas) é muito provável encontrar-se um mercado de rua, os estrangeiros chamam-lhe Flee Markets, cuja tradução sugere que coisas em segunda mão, mas para mim as coisas que se lá vendem estão longe de ser em segunda mão.

As aparências iludem

Para quem estava a pensar que no Japão era tudo perfeito, afinal são a maior economia do mundo, estão redondamente enganados, aqui, como em qualquer outro lugar também se vêem coisas não muito bonitas…

Ontem, domingo, aproveitei a manhã para ir dar um voltinha de bicicleta. Eram cerca de 10h cá e a cidade parecia adormecida, e deambulava sem nenhum destino, apenas seguindo rio, passei por baixo de inúmeras pontes, cujo espaço estava ocupado por uma espécie de barracas, depois de ver duas e três vezes estendais da roupa, constatei que as pessoas realmente viviam ali. Acho que eles levaram ao sentido literal a expressão ir viver para debaixo da ponte; isto porque aqui em Kyoto o mercado imobiliário é altíssimo, um apartamento tipo OVO é caríssimo.
uLembro-me da expressão de um senhor que parecia ter acabado de acordar, era triste e vazia. Kyoto não uma cidade muito bonita, acho que já tinha referida a ausência de arquitectura, os templos são mesmo a melhor parte mas no fundo também tem problemas, como em qualquer outro lado.

Mito da Pedalada

A melhor coisa, para mim, de estar em Quioto é de facto a bicicleta. Aqui a bicicleta é o transporte de excelência, é barato, faz bem à saúde e não se apanham engarrafamentos.

Quase toda a gente usa a dita a bicicleta, e eu para não destoar lá comprei uma também, mas fiz questão de comprar uma que tivesse mudanças (para as voltinhas no fim de semana às montanhas).
Não imaginam a aventura que foi, conseguir uma com mudanças, porque as bicicletas que realmente são populares são as chamadas bicicletas pasteleiras, que fazem lembrar as que os meus pais tinham.
Em Portugal ver uma bicicleta dessas é quase um feito, e possui-la motivo de chacota. Mas por cá, é só o que se vê. A cidade parece que foi pensada para as bicicletas, nas avenidas existem ciclovias, e nas ruas mais antigas, os passeios são largos o suficiente para circular a bicicleta e pessoas. Andar em Lisboa de bicicleta, seria uma aventura, aqui é bastante seguro. È muito comum ver-se pessoas de fatinho montadas numa pasteleira, esperando paciente que o sinal fique verde para os peões e bicicletas.